A tirinha desta semana trata da parábola do bom samaritano e traz uma frase conhecida já há algum tempo nas redes sociais, isto é: “Acabo de me tornar a pessoa que mais temia.” Imagine um judeu se admirar da boa atitude de um samaritano! Isso era impossível.
A referência esclarece bem a intenção de nos fazer repensar a qualidade da nossa vida religiosa, afinal nos dias de hoje, pode parecer imoral não ter algum compromisso social com os mais necessitados.
Mas será que somos chamados a assumir uma consciência de empatia e solidariedade com pessoas e comunidades porque essa é a narrativa desta época ou por que realmente nossa vida cristã dá esse tipo de fruto?
Outro dia, conversando com um jovem entusiasta das causas sociais, perguntei a ele que tipo de projeto ele desenvolvia. Fiquei surpresa quando ele respondeu “nenhum”. Entendi, assim, que toda a fala dele, carregada de crítica a quem negligenciava os necessitados, não passava de ideologia.
Fiquei pensando se a crítica por si só é capaz de mudar alguma coisa. Será que seu apelo não seria muito mais forte se ele falasse de caridade com a autoridade de alguém que pratica a caridade?
O tempo que usamos idealizando um mundo melhor poderia ser usado para tornar o mundo realmente melhor. Antes de isso se tornar um discurso da nossa época, já era uma iniciativa proposta por Cristo. Até quando vamos esperar que o mundo subtraia nossas pautas, distorcendo-as?
Se o desafio do judeu da parábola estava em identificar seu próximo, o de hoje está ser um bom samaritano na prática. Chega de palavras vazias!