“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Essa declaração do profeta Jeremias é um choque para o orgulho humano. Vivemos em uma cultura que valoriza o autoconhecimento e o seguimento dos próprios sentimentos – “siga seu coração” virou lema. Mas a Palavra de Deus nos adverte que o coração, nossa sede de sentimentos, intenções e vontades, não é uma bússola confiável. Ele se engana, e mais do que isso: ele nos engana. Fazemos um péssimo trabalho de autodiagnóstico espiritual.
A tendência natural do ser humano é minimizar seus erros, justificar suas escolhas, esconder seus verdadeiros motivos – até de si mesmo. Achamos que estamos certos, quando, na verdade, estamos apenas seguindo impulsos distantes da vontade de Deus. Por isso, precisamos de algo (ou melhor, de Alguém) que vá além de nossa percepção enganosa. Precisamos da luz da Palavra e da atuação do Espírito Santo.
Somente Deus pode fazer o que Jeremias descreve no verso 10: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os pensamentos.” Quando permitimos que o Senhor nos sonde, Ele revela não apenas o que fazemos, mas por que fazemos. Ele mostra se temos adorado a nós mesmos ou se Ele realmente ocupa o trono do nosso coração.
Parte essencial desse processo de ajuste espiritual passa pela verdadeira adoração. E não há momento mais especial para esse realinhamento do que o santo sábado – o dia separado por Deus para comunhão, restauração e contemplação. O sábado não é apenas uma pausa física; é um lembrete semanal de quem deve governar nossa vida.
A forma como tratamos o sábado é um reflexo de como tratamos o próprio Deus. Se o dia que Ele santificou é para nós apenas mais um dia, um estorvo ou uma formalidade, talvez seja porque Ele mesmo esteja à margem de nosso coração. Mas se o sábado é aguardado com alegria, vivido com reverência e usado para nos rendermos diante do Criador, então é um sinal de que Ele está no centro; está no trono.
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Salmo 51:10).
