A promulgação da lei está no coração do livro do Êxodo, e o sábado está no coração da lei. O quarto mandamento é a ponte que une as duas tábuas do Decálogo, conectando o amor a Deus e o amor ao próximo. Esse mandamento – que começa com a sétima letra do alfabeto hebraico (zayin) e traz orientações para sete grupos diferentes (Êx 20:10) – remete tanto à criação (Gn 2:1-3) quanto à redenção (Dt 5:15). É o dia santo, abençoado, feito para nosso descanso físico, mental e espiritual. Santificá-lo significa receber o sinal da aliança entre Deus e Seu povo (Is 20:12).
Mas o que é uma aliança? Na Bíblia, o termo hebraico berit (“aliança”) significa relacionamento, um compromisso entre duas partes. Um exemplo simbólico é a aliança de casamento – um círculo sem início nem fim. O costume de usá-la surgiu há mais de 5 mil anos no Egito, como representação de amor eterno. Mais tarde, gregos e romanos a adotaram, colocando o anel no quarto dedo da mão esquerda, acreditando que ali passava a vena amoris (“veia do amor”), ligada diretamente ao coração. Embora a ciência moderna tenha refutado essa crença, a tradição permanece em muitas culturas como sinal de compromisso e fidelidade.
Assim também é o sábado: um sinal de relacionamento. Após criar os seres humanos, Deus separou esse dia para estar em comunhão com Seus filhos. Guardá-lo não é apenas obedecer a um mandamento, mas aceitar, semanalmente, o convite do Criador para renovar a intimidade com Ele e experimentar a vida plena que oferece.
O sábado é mais do que uma pausa no calendário. É um ponto de encontro, um palácio no tempo, um jardim no meio do deserto da vida. Ele nos liberta da tirania do consumismo, da obsessão por resultados e da rotina exaustiva da semana. O sábado é um presente do Criador, lembrando-nos de que fomos feitos não apenas para produzir, mas para viver em harmonia com Ele, com o próximo e com a criação. Ele revela nossa identidade, a quem pertencemos e para onde vamos.
Como você tem mantido essa aliança?
