O primeiro capítulo do livro de Êxodo abre com um cenário sombrio: o povo de Deus sofria no Egito. Aquele que fora um lugar de refúgio nos dias de José tornara-se um campo de opressão. Um novo faraó, que não conhecera José, viu o crescimento dos hebreus como ameaça e os sujeitou a trabalhos forçados, tentando com dureza controlar e reduzir sua força.
A situação parecia fora de controle. Onde estava Deus? Por que tanto sofrimento, se havia promessas de bênção, terra e descendência? Essas perguntas talvez martelassem na mente de muitos israelitas – como tantas vezes martelam também em nossa mente quando enfrentamos provações longas e duras. Mas a história bíblica nos ensina que o silêncio de Deus nunca é sinal de ausência. Ele estava ali. Via. Conhecia o sofrimento do Seu povo e, no tempo certo, agiria com mão poderosa.
Mesmo no sofrimento, as promessas continuavam de pé. Deus havia dito a Abraão que sua descendência seria peregrina em terra estranha, oprimida por quatrocentos anos, mas que depois sairia com grandes riquezas (Gênesis 15:13,14). O sofrimento não era abandono, mas parte de um plano maior, que exigia fé. Como os hebreus, também somos chamados a confiar quando tudo parece escuro, pois Deus continua fiel, ainda que não compreendamos todos os Seus caminhos.
É nesse cenário que surgem duas mulheres de coragem: Sifrá e Puá, parteiras hebreias chamadas pelo faraó para cometer um crime terrível: matar os meninos ao nascer. Mas elas temeram a Deus mais que aos homens (Êxodo 1:17). Com sabedoria e valentia, desobedeceram à ordem do rei e preservaram vidas inocentes.
A atitude delas nos ensina: em tempos de crise, devemos ser leais a Deus, mesmo sob risco. A fidelidade é um testemunho. Sifrá e Puá talvez não soubessem o desfecho, mas sabiam o que era certo. E, por isso, foram abençoadas (Êxodo 1:20,21). Representam a fé ativa, que age com justiça mesmo em tempos sombrios. A fé que se recusa a seguir a multidão porque enxerga algo maior: a vontade de Deus.