Quando era católico (até os meus 18 anos), aprendi o valor da pureza na convivência com amigos e nas Pastorais e nos grupos de jovens dos quais participei. “Ficar”, para nós, era uma atitude consumista inconcebível. Sexo era algo para ser reservado e desfrutado unicamente no casamento. Agradeço a Deus essa base que trouxe para a vida de adventista e que norteou minha conduta e minhas escolhas. Nesse aspecto, o que aprendi lá está plenamente de acordo com os princípios divinos ensinados, também, pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mesmo em meio às nossas lutas morais, o alvo deve ser a pureza em todos os sentidos. Trata-se da vontade de Deus revelada na Bíblia e a melhor escolha para nós.
Mais um trimestre está terminando e aprendemos e reaprendemos muitas lições importantes com a COMtexto Bíblico – lições que me fizeram viajar no tempo e constatar que valeu à pena seguir a vontade de Deus para minha sexualidade.
Vou lhe contar mais uma história pessoal. Em meus tempos de estudante universitário na Universidade Federal de Santa Catarina (recém-convertido ao adventismo), ganhava algum dinheiro como bolsista e fazendo alguns “bicos” como desenhista. Certa ocasião, uma aluna formanda precisava de um ilustrador para o trabalho de conclusão dela. A moça era bonita e me fez a seguinte proposta: “Que tal irmos ao seu apartamento para discutir o assunto?” Eu sabia que meus colegas de “república” não estavam lá. Seríamos só eu, ela e os anjos maus. Sem pensar duas vezes, respondi: “Melhor conversarmos aqui mesmo.”
Alguns meses depois, conheci minha namorada (hoje esposa), e me lembrei de algo que havia lido num livro do famoso escritor e apologeta cristão Josh McDowell. Ele conta que certo dia a esposa chegou em casa feliz e deu-lhe um caloroso beijo, para então explicar que havia ido à cabeleireira e encontrado lá uma ex-namorada do marido. A mulher falou bem dele e de como ele havia sido um jovem respeitador e correto. A senhora McDowell então agradeceu o marido por ter-lhe sido fiel mesmo antes de se conhecerem.
Li anos atrás o ótimo livro A Batalha de Todo Homem. Depois de falar de sua vida imoral e promíscua, o autor Fred Stoeker relata sua conversão, mas afirma que ainda havia “detalhes” para serem entregues a Jesus. E esses detalhes o impediam de crescer na fé. Ele diz: “Nunca conseguia olhar Deus nos olhos. Nunca conseguia adorá-Lo completamente. Pelo fato de sonhar com outras mulheres e preferir me divertir mentalmente com as lembranças das conquistas sexuais do passado, eu sabia que era um hipócrita e continuava a me sentir distante de Deus. […] Minha vida de oração era débil. […] Meu casamento também passava por maus momentos. Por causa do meu pecado, eu não conseguia confiar totalmente em Brenda, sem deixar de temer que ela pudesse me abandonar mais tarde. […] Na igreja, eu era um engravatado oco. […] Finalmente eu estabeleci a conexão entre minha imoralidade sexual e minha distância de Deus. Eu estava pagando multas pesadas em todas as áreas da minha vida. Tendo eliminado os adultérios e a pornografia visível, eu parecia puro exteriormente, para as outras pessoas. Mas para Deus faltava muita coisa. Eu havia encontrado meramente um terreno intermediário, algum lugar entre o paganismo e a obediência às leis de Deus.”
Pelo poder de Deus, Fred conseguiu tornar-se um homem puro e feliz em seu casamento. Mas como? Afinal, o que o homem que enfrenta esse tipo de luta deve fazer? O livro sugere a construção de três “perímetros de defesa”: (1) com os olhos, (2) em sua mente e (3) em seu coração. O objetivo é a pureza sexual, e o livro traz uma boa definição disso: “Você é sexualmente puro quando seu prazer sexual provém de ninguém ou nada além de sua esposa.”
No primeiro perímetro (o dos olhos), a proposta é fazer uma aliança com os olhos, exatamente como fez Jó: “Fiz uma aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?” (Jó 31:1). Para isso, são necessárias duas etapas: (1) fazer um estudo de si próprio. Como e onde você está sendo mais atacado? (2) Definir sua defesa para cada um dos maiores inimigos que você identificou. Quais são as fontes mais óbvias e abundantes de imagens sensuais, além de sua esposa? Para onde você olha com mais frequência? Onde você é mais fraco?
Sobre imagens sensuais que aparecem em comerciais de TV, por exemplo, a recomendação é mudar de canal imediatamente. “Quando seus filhos o observarem mudar de canal, você servirá de exemplo vivo de santidade em sua casa, e isso lhes servirá de ótimo exemplo.” E sobre filmes e séries? “Temos uma ótima regra em casa. Qualquer vídeo inapropriado para as crianças será provavelmente inapropriado para os adultos. Com essa regra em vigor, os filmes sensuais nunca foram um problema em nosso lar.”
Com o segundo perímetro (a mente), “você não só bloqueia os objetos de luxúria, como também os avalia e os captura”, explica o autor. “Um versículo-chave para apoiá-lo nesse estágio está em 2 Coríntios 10:5: ‘Levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo.’” Segundo ele, a meta é privar os olhos de todas as coisas sensuais além da esposa. Para os solteiros, isso significa distanciar os olhos de todas as coisas sensuais. “Isso o ajudará a vencer o desejo pelo sexo antes do casamento com a mulher que namora”, garante. “Se você privar seus olhos assim como os homens casados, verá sua companheira como uma pessoa, e não como objeto.”
A pureza é um alvo a ser buscado. Para o bem do homem, da mulher, da família, da igreja e da sociedade. Será que isso é possível neste mundo tão corrompido? Sim, mas somente com a força que vem dAquele que planejou a sexualidade humana: o Deus Criador.